A Prefeitura Municipal de Esmeraldas, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, informa que as Guardas de Congado, Congo e Moçambique foram oficialmente registradas como Bem Cultural Imaterial do Município.
O reconhecimento foi aprovado por unanimidade durante reunião extraordinária do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural, realizada no dia 16 de outubro de 2025, na Casa de Cultura Euclides Pedro do Carmo.
O processo de registro teve início em 17 de janeiro de 2024, quando as Guardas de Congado, Congo e Moçambique manifestaram oficialmente ao Conselho de Cultura o pedido de abertura dos procedimentos legais. Desde então, todo o rito administrativo foi conduzido com transparência, conforme as atas das reuniões ordinárias do Conselho, realizadas ao longo de 2024 e 2025, até a aprovação final do registro.
De acordo com o historiador Avelar Rodrigues (2000, p.217), Esmeraldas sempre preservou uma forte tradição congadeira, com diversos ternos caracterizados por trajes, cantigas e estilos próprios.
Os Catupés, por exemplo, usavam saiotes brancos, capacetes de bico e adornos com fitas coloridas e espelhos. Já o Terno de Moçambique, conhecido como “guardiões da coroa”, trazia chocalhos nos joelhos. O Congo Real, por sua vez, diferenciava-se pelos penachos de penas de ema, simulando combates ao som cadenciado de chocalhos e cânticos entoados pelos comandantes.
O Congado de Esmeraldas teria sido criado por Joaquim Nicolau, conhecido como Bacurau, um homem negro e cego que, com fé e carisma, reuniu congadeiros locais até seu falecimento no final da década de 1960. Após sua morte, Euclides Pedro do Carmo e Geraldo dos Reis assumiram a organização e continuidade da tradição.
Outro nome importante ligado à história do Congado é Artur Camilo Silvério, fundador da tradicional comunidade dos Arturos, nascido em 1885 e filho de Camilo Silvério, homem escravizado natural de Angola que se estabeleceu na região após conquistar sua liberdade.
Atualmente, cinco Guardas de Congado mantêm viva a tradição em Esmeraldas, reunindo cerca de 150 integrantes.
Esses grupos participam ativamente das festividades religiosas e culturais realizadas na sede do município e nas localidades de Urucuia, São José, Cachoeirinha e Vargem Bento da Costa, além de representarem Esmeraldas em celebrações regionais em cidades vizinhas.
O registro como Bem Cultural Imaterial assegura a preservação e valorização dessa manifestação popular, que expressa a fé, a identidade e a memória coletiva do povo esmeraldense.









